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Quando passar o filme da nossa vida

  • Foto do escritor: Tatiana Fiore
    Tatiana Fiore
  • 9 de jun. de 2019
  • 2 min de leitura

Atualizado: 13 de jun. de 2020

Sempre fui muito teimosa. Cabeça dura. Alguém dizia que era azul e eu falava que era verde. E eu tinha uma mania de dizer (confesso que falo até hoje) que quando a gente morrer e passar o filme da nossa vida a pessoa veria que eu estava certa e ela errada. Hoje imagino que se houver mesmo um filme vou passar muita vergonha.


O que mudou na minha vida é que hoje eu entendo que toda vez que alguém diz: "Eu falei! E você estava olhando na minha cara quando eu disse!” Eu acredito que a pessoa pudesse ter razão. Antes teimava dizendo que ela não havia falado e que eu eu não estava olhando. Mas é bem provável que enquanto a pessoa falava eu estava sim olhando para ela in off reparando talvez em uma pinta no seu nariz ou pensando no que eu iria almoçar.



Depois eu adquiri um hábito de sempre pedir para confirmarem se eu havia recebido a informação. Aprendi isso no Bobs. Mas mesmo assim não adiantava porque no mundo real as pessoas falam, o outro ouve e executa. Confirmação se eu ouvi o que ela disse parecia coisa de louco então abandonei essa prática. Mas ela era eficaz.


A verdade é que agora eu sei que todas as vezes que eu sempre teimei que estava certa existe uma grande probabilidade de eu estar sempre errada.

Atualmente toda vez que eu digo que é azul e alguém diz que é verde eu não discuto, apenas verifico novamente para ver se realmente é verde ou não.

Essa foi uma mudança na minha vida depois da descoberta do TDAH.


É muito comum as pessoas falarem com alguém que tem TDAH e mesmo que ela esteja olhando em seu rosto sua mente estar viajando. Se a história for longa e cheia de detalhes então pode ter certeza que gastou latim atoa. Falar com praticidade é a melhor forma de passar qualquer informação para um TDAH. Não é que a história não seja interessante para ele (a), infelizmente a dispersão é algo automático. Na maioria das vezes eles não vão contar que não prestaram atenção por vergonha, pois parece grosseria alguém falar e você se distrair. Mas pode ter certeza que nunca é intencional. O ideal é manter um diálogo onde a pessoa possa falar também, assim quando a atenção dela se esvair você consegue chama-la de volta. E se for algo importante sempre confirmar se a pessoa absorveu toda a informação. Parece estranho mas isso pode evitar muitos erros de comunicação.


E quando finalmente passar o filme das nossas vidas espero que tenha uma mesa para que eu possa me enfiar debaixo.

 
 
 

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